Estou certo de que todo mundo já ouviu na vida uma história que ocorreu em algum lugar deste mundo, para ser mais especifico em uma cidadezinha de um interior qualquer onde a autoridade do local é um coronel. Olha este conto que vou narrar não é diferente, no entanto, proponho uma reflexão na história que vou descrever, sendo que espero com tudo isso que você possa descobrir, se “você consegue ouvir o assobio de alguém...”
Havia uma cidade onde existia uma senhora velhinha, porém muito sábia. Ela tinha um olhar sereno daquele que traz paz a nossa alma quando olhamos, uma pessoa que já viveu muito na vida e aprendeu com intensidade tudo o que a vida poderia ter ensinado a ela e mesmo assim ainda acredita que não conhece nada sobre a vida, pois é, esta senhora tinha uma “mania” (se é que podemos chamar assim), sempre que havia um velório na cidade ela aparecia e começava a narrar tudo o que o defunto tinha feito de bom na vida, ou para ser mais esclarecedor uma qualidade que aquela pessoa tinha. Era o que ela fazia, sempre que morria alguém lá estava a senhora velhinha narrando as qualidades daqueles(as) que haviam partido deste mundo. Também nesta mesma cidadezinha havia um coronel muito rude e cruel, tipo esses que faziam as próprias leis, onde ele era a lei, e agia da forma como bem queria, pisando e maltratando tudo e todos que contrariavam as suas ordens. Um dia este coronel morreu (para alegria de todos daquela cidade), e no dia do velório quem estava lá? Pois se você respondeu a senhora velhinha acertou. Imagine a expectativa de todos naquele lugar, tinha gente de tudo que era “buraco” neste velório, uns foram olhar pela ultima vez a cara daquele que os oprimiu uma boa parte de suas vidas, outros conferir se realmente a dito cujo parente do Satã tinha realmente morrido, outros acredito eu, observando para ver se o defunto mexeria um milímetro que fosse daquele caixão tentando se levantar, pois se isto acontecesse estaria ali nem que fosse um para lhes dar um tiro de misericórdia garantindo-lhe de vez a ida para o “inferno”. Quando a senhora velhinha entrou foi até o caixão e começou a olhar o defunto, nesta hora todos pararam fixando os seus olhares nela, não se ouvia mais nada, até os bêbados que não calavam um só minuto ficaram sóbrios naquele momento, na mente de muitos não se conseguia imaginar o que ela falaria da tal pessoa que estava naquele caixão, pois ninguém nunca sequer viu uma atitude digna de ser comparada com uma qualidade naquele homem, na sala o silêncio foi tão grande que chegava a ser ensurdecedor, quando de repente, ela quebrou o silêncio e disse: - é uma pena o que aconteceu ele sabia assobiar tão bem...
O que você tem visto no seu próximo? E o que você considera ser o seu próximo? Se pensarmos nisto como seres que foram criados a imagem e semelhança de Deus podemos então dizer que nosso próximo, são todos os seres humanos também criados desta matriz divina como nos conta a Bíblia. O que quer dizer que, até aquele que consideramos “mau” é o nosso próximo, pelo menos em tese é assim que deveria funcionar. Bem, partindo deste pressuposto de que o nosso próximo são todos os seres humanos sejam eles “bons ou maus”, faço novamente a pergunta. O que você tem visto no seu próximo? Será que você tem olhado para o diferente com indiferença? As vezes criamos dentro de nós “mecanismos de análise do outro” onde vemos somente aquilo que queremos ver, ou que muitas vezes está sendo posto em nossa frente, como por exemplo, quando vemos um bêbado na rua, nosso “mecanismo de análise” nos diz que aquele bêbado está nesta vida porque escolheu, mas não conseguimos ver que esta pessoa pode ter sido levada a optar por esta vida pela falta de uma oportunidade, ou quem sabe, por conseqüências desastrosas que possivelmente aconteceu na sua caminhada. Não sei.
Todo dia nos deparamos não somente com casos como estes, mas de outras situações das mais variadas possíveis que podem ir de moças que se prostituem, a jovens que se drogam, como também de uma implicância com um vizinho, ou um irmão enciumado, ou um colega que quer ser melhor do que você, seja na sua escola, no seu trabalho, na sua igreja, enfim, todos aqueles que o seu “mecanismo de análise” acusar como, o diferente que faz você sentir - se indiferente a ele(a).
O que proponho a vocês é uma reflexão sobre o olhar que você tem dado à situações semelhantes a estas, já parou para pensar que você poderia estar do outro lado esperando que alguém percebesse que você “sabe assobiar”, que você tem algo bom para mostrar. Quando Deus criou o homem a sua imagem e semelhança, ele não criou pessoas boas e pessoas más, ele criou seres humanos. E nós como seres que vivem em coletividade temos que acreditar que todos têm algo de bom dentro de si, e que nós somos agentes responsáveis para perceber isto, e não podemos viver na inércia como a senhora velhinha da história,que mesmo percebendo que havia algo de bom no outro não soube aproveitar para ajudá-lo a ver a vida de uma forma diferente da que ele estava vendo, mas que sejamos também como agentes transformadores na vida destas pessoas, você não é tão bom que não possa se misturar e não é tão ruim que não sabe como ajudar. Não fique imaginando o quanto é difícil você mudar seu jeito de ver as coisas, ou o quanto é difícil alguém mudar o seu jeito de ser. Há um provérbio chinês que diz: uma jornada de duzentos quilômetros começa com um simples passo. Dê este primeiro passo e chegue o mais longe que você puder.
Mais informações »